“Eros, como você é orgulhoso” bradou Ágape
“Mas eu sei exatamente o que sou. Não preciso nem peço
conselhos ou objeções.” Respondeu.
“E aí está o seu erro. Você tem um ego enorme. Ultrapassando
a auto-estima.”
“Veja bem, Ágape. Eu sou aquilo que as pessoas fazem de mim. Não tenho culpa se me procuram mesmo quando não estão bem consigo mesmas. Eu só queria ajudar.”
“Você só atrapalha, na maioria das vezes. E confunde.
Confunde muito. Por favor, Eros, ponha-se no seu lugar e pare de tentar ser
Ágape. Só há um amor que redime, que está além de todos os outros, das
aparências, do medo, da solidão e do vazio da alma. O amor que transpassa o
coração do aflito como a luz do pôr-do-sol transpassa a janela da sala e a
ilumina sem aturdir os que estão presentes.”
Eros se entristece com facilidade:
“Mas eu já disse que não sou culpado! Minhas intenções são
sempre as melhores. E eu bem queria que durasse pra sempre...”
Ágape é o consolador, mas também é justo. Não deixa de ser
inteligente e coeso em suas palavras. Contudo, quando deve falar a verdade, não
pensa duas vezes. Sendo duro porém claro em suas observações:
“O teu querer, Eros, ele muda intensamente. Você sempre tem
as melhores intenções mas não as cumpre sem o meu auxílio. Você é sempre tão
jovem que não sabe lidar com seus planos. Você busca felicidade ao invés de
sabedoria. Não digo que é pecado buscar felicidade, mas se ela não vir
acompanhada de sabedoria, não tem validade alguma.”
Eros não responde, absorto em pensamentos. Ágape continua:
“Sabe qual é o seu problema? Sempre tentas te resolver por ti mesmo. Nunca te vi pedir auxílio.”
“Então agora pedir-te-ei ajuda. O que me sugeres?"
“Conte comigo. Confie em mim e me entregue seus planos. Eu o ajudarei e orientarei sempre que pedires. E quando forem a ti, faça-os virem a mim primeiro. Não digo que farei todas as tuas vontades, mas uma coisa eu sei: confiando em mim durarás a pretendida eternidade. ”
Assim, estando de acordo, Eros e Ágape vivem em paz.
Isadora Calônico
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